As últimas semanas do mês de fevereiro foram de aumento no número de casos de Covid-19 em Pelotas. Entre os dias 18 e 24, foram 134 casos confirmados, um aumento de 16,5% em relação à semana anterior. Inúmeros fatores, como baixos índices de reforço vacinal e aglomerações, podem estar relacionados com o aumento, que também foi registrado em todo o Brasil.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), por exemplo, esse aumento não se refletiu na procura por testes em fevereiro. Ao longo do mês, foram realizados 22 testes, com apenas três deles positivos. "É um número baixo nesse cenário. Os sintomas são parecidos com os da dengue, então estamos testando simultaneamente", comenta a enfermeira responsável técnica da UPA, Carolina Vasconcellos.

O cenário já é diferente em farmácias comuns, como observa a infectologista e professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Danise Senna. "Está faltando teste rápido em várias farmácias, então realmente aumentou muito a procura por testes, a ponto de não conseguir suprir a demanda", diz. As causas para o aumento, para a especialista, são variadas. "Pode acontecer após grandes aglomerações [como Carnaval], mas ainda estamos observando a sazonalidade da Covid-19 e como ela se comporta. Ainda não está bem instituído como o da Influenza, por exemplo. A gente tem a população que fez uma vacinação já há algum tempo e não temos um bom reforço das doses bivalentes. Somaram-se vários fatores", avalia.

A diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Aline Machado, confirma que no momento os casos estão aumentando. "Em janeiro tivemos uma média de casos/dia de 11,32 e, em fevereiro, 13,82. Podemos associar esse aumento ao período pós Carnaval, em que há uma concentração maior de pessoas aglomeradas, período de férias e viagens para fora do Município, assim como, retorno das aulas nas escolas da cidade. Ressalta-se que a vigilância na sazonalidade da circulação dos vírus respiratórios, incluindo o vírus da Covid-19, reforçamos a necessidade de vacinação Covid-19 para completar o esquema vacinal e, principalmente, para os grupos prioritários, conforme estratégia de Vacinação para 2024", diz. A dirigente reforça, ainda, as orientações de segurança em caso de sintomas. "Na presença de qualquer sintoma respiratório, a recomendação é fortemente voltada para o uso de máscara facial e afastamento dos sintomáticos, que continua fazendo parte de um conjunto de medidas de segurança a serem adotadas de forma integrada para prevenção, controle e mitigação da transmissão de doenças respiratórias virais", diz.

Dengue x Covid-19

Em um período de alerta para o vírus da dengue, é comum surgir a dúvida: é dengue ou Covid-19? A pergunta é válida, já que alguns sintomas fazem parte dos quadros mais comuns de ambas as doenças. A especialista explica o que diferencia as duas doenças. "Dengue também é uma doença que causa febre e dor no corpo, mas a Covid tem mais sintomas respiratórios. Dor de garganta, tosse e, eventualmente, ainda se tem alguma perda de olfato. O que mais chama a atenção é a diferença de sintomas respiratórios", exemplifica.

Nos quadros de dengue, outros sintomas se destacam, incluindo vermelhidão espalhada pelo corpo e náuseas. "Em geral se tem febre e uma dor muito importante no corpo, que alguns chamam de dor quebra-ossos e, também, dor de cabeça, principalmente atrás dos olhos", diz Danise. A especialista destaca, ainda, qual a orientação quando houver sintomas de qualquer uma das infecções. "A orientação é procurar atendimento médico onde se atende síndromes respiratórias, como a UPA, onde serão feitos testes. E, se necessário, ainda é recomendado o isolamento, que é de sete dias para a Covid", enfatiza.

Em números

- Janeiro 2023: 2.315 casos
- Fevereiro 2023: 460 casos

- Janeiro 2024: 273 casos
- Fevereiro 2024: 330 casos